segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A Crise NÃO É DESCULPA



 Eles não precisam de brinquedos caros para serem felizes.


Só precisam de um lar, de alguém que os adopte,  quem os abandone há muito.


No dia 11 de Agosto ouvimos, à porta de casa miar. Os meus donos trataram logo de averiguar o que se passava, não há gatos na quinta, de vez em quando aparece um que procura caça mas, apenas isso. Pacientemente aguardaram que o dono daquele miar perdesse o medo e aparecesse mas, afinal não era apenas um, eram três, três lindos gatinhos, com dois meses, talvez, abandonados, pedindo comida e carinho.

Os meus donos já há muito tinham pensado adoptar um gatinho, quinta sem um miar não é quinta, mas tinham receio que o Picasso, o macho Dálmata, corresse com ele ou pior, o matasse. Um dia vou contar a história do Picasso, adoptado também.

Pensaram e nunca se decidiram mas, agora,  havia que tomar uma atitude, não havia tempo para pensar. Os meninos eram super meigos e estavam cheios de fome. Acolheram a ninhada, deram-lhes comida, mimo, colocaram um recipiente com areia para fazerem as necessidades, que eles utilizaram imediatamente e deram-lhes água. Observaram que os meninos tinham vivido num apartamento, gato criado no campo não faz as necessidades em recipiente, faz ao ar livre.
Resumindo: Alguém, (será alguém?), tinha abandonado ali os bebés, ali porque imaginaram que, onde há muitos cães há gente que ama os animais? Saberiam que seriam adoptados os três?
Quem abandona não se importa com o futuro porque, se fosse assim, não abandonaria.

A crise é desculpa? Não. Não há crise só para alguns, os meus donos também a sentem mas são humanos e não são egoístas. Sabem que um ser daqueles precisa de alguém que o proteja, que ele só, acabará morto.

Eu nunca tinha convivido com gatos, aprendi com o Picasso que os gatos eram inimigos mas, aos poucos, os meus donos ensinaram-me que se dermos oportunidade os inimigos podem ser, futuramente, os nossos melhores amigos.

Passado quase um mês nós, eu e os gatinhos, convivemos muito bem, eles adoram brincar com o meu rabo e passarem o deles pelo meu nariz. Se foi fácil? Foi, no segundo dia eu já lhes cheirava o rabo e eles passavam à frente do meu focinho. 
Em casa muita coisa mudou, não há sossego e os sofás viraram afiadores de unhas mas, estamos felizes todos juntos e eu se estou muito tempo na rua, fico com saudades. Adoro observar quando eles estão a brincar e tento entrar na brincadeira apesar de não saber brincar à gato. 
Estes amigos tiveram sorte mas....Quantos há que morrem quando são deixados sozinhos, ao sabor do destino?
Haverá desculpa para o abandono? 

 A Diana e o Gatuzo (da esquerda para a direita)
 A Princesa  (a última a confiar em nós e a mais pequenina)
  
 Os três manos


As duas meninas
O Gatuzo (o macho, o maior)

Eu a observar, admirado, a traquinice do trio (lembrem-se que eu nunca tinha visto gatos na minha casa, menos ainda convivido com eles).

Espero que tenham gostado dos novos inquilinos da quinta e que, sejam HUMANOS, não arranjem desculpa para abandonarem. 

Um dia, os meus donos vão conseguir ter a máquina fotográfica à mão quando nós dermos um beijinho, sim já houve beijinhos, troca de comida, de água e de cama.

Olhando aqueles olhinhos conseguem adivinhar qual deles é o mais vivo, o mais perspicaz e o mais inteligente e o mais terno ?

Brown Maria